Solidão minha de cada dia
- Rodolfo Olivieri

- 5 de jul. de 2020
- 2 min de leitura

Diferente do que esse título pode parecer, não pretendo me colocar aqui como proprietário da solidão. Não.
A verdade é que tive a impressão que o termo “solidão nossa” não combinava muito com o tema. O “nossa” passa a impressão de grupo, de coletividade, definições que definitivamente não combinam com o tema. Fiz todo o possível para deixar a internet e os celulares fora disso, até pelo fato que já se sofria de solidão antes deles, mas confesso que não consegui.
Eu, gostando ou não, faço parte da geração y (sujeitos nascidos após 1980) e tive toda minha vida adulta atravessada pela sensação de estar na multidão, no meio de uma conversa acalorada, estando na verdade sozinho em casa, primeiro na frente de um computador e agora de um celular. Multiprocessos de pseudo interação, até que você olha para a frente e encara apenas um tela branca, só. Zeros e uns em pleno processamento em prol do meu suposto bem estar

Estamos sozinhos, e essa solidão, esse sentimento de ser ímpar em um mundo de pares cobra seu preço.
Sidarta Ribeiro, neurocientista brasileiro, aponta em seu lúcido texto “ A solidão da passagem” que segundo a OMS (organização mundial da saúde) a cada ano no mundo 1 milhão tiram a própria vida. Outras 10 milhões fracassam em suas tentativas.

O que há de errado conosco? Essa é a pergunta que ele se faz, que eu me fiz, e que agora eu te faço.
A resposta realmente será aumentar a facilidade de comunicação? melhorar os dispositivos? Fico imaginando que em poucos anos faremos grandes e animadas festas cheias de hologramas. Festa de pessoas que não estão lá. Festa de fantasmas.
A vida perfeita da rede social é uma farsa, sabemos disso. É fácil perceber o transtorno alimentar da musa fitness. É fácil perceber que as viagens de desapego para a Índia são pagas a vista pelos pais dos pseudo-gurus-zen das redes, mas essa lucidez nos afasta das armadilhas? Nos afasta da sensação que a vida escorre entre os dedos entre o dinheiro a ganhar e a gastar da vida ordinária? Parece que não

Acho que devemos mesmo é nos conectar. Mas nos conectar a outras coisas. Que coisas? você pode me perguntar.
Não sei ao certo, eis minha resposta. Não tenho vocação nem para coaching nem para autor de auto-ajuda… Acho sim é que precisamos de coragem, muita coragem.
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