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Devo acreditar em pseudo-gurus do youtube?

  • Foto do escritor: Rodolfo Olivieri
    Rodolfo Olivieri
  • 5 de jul. de 2020
  • 3 min de leitura

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Não raro, zapeando pela internet (principalmente no youtube), me deparo com vídeos e canais (por sinal extremamente bem feitos, bem produzidos) que apresentam jovens de 20 e poucos anos com propostas interessantes e no mínimo duvidosas: métodos rápidos e infalíveis para os mais variados problemas, desde “como parar de procrastinar”, “como ser extremamente produtivo”, “como alcançar a gerência de uma multinacional usando a meditação”, até “como entrar em contato com seu divino interior”, “como se reconectar com o universo”, e por aí vai.


Você pode achar que eu estou exagerando, mas acredite, não estou. As propostas mirabolantes para resolução quase instantânea de problemas que assolam o homem há séculos estão disponíveis aos montes, quer dizer, uma parte da resolução está disponível, pois para atingir a salvação completa você precisará desembolsar cerca de 3 mil reais (alguns chegam a 5 mil) e comprar (opa, falei errado, eles nunca dizem essa palavra. Vocês precisará investir) em um super curso, super e-book, ou qualquer outro super produto digital.


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Ele está esperando para te passar a fórmula mágica


Ok, sei que estamos caminhando para um momento histórico em que o desespero e a falta de sentido em nossas vidas é tão grande e avassalador, e o medo do obsoletismo nos amedronta tanto, que por vezes corremos o risco de cair em algum conto do vigário pós moderno e depositamos nossas esperanças (e nosso dinheiro) em métodos mágicos, milagrosos. Nossa vontade de ser tão descolado, feliz e bem sucedido como o rapaz ou a moça do vídeo é tão grande, que deixamos de fazer uma conta simples e óbvia. Estamos, grosso modo, em 7 bilhões de pessoas na terra. Considerando esse número, qual a probabilidade deste iluminado conseguir “sair da caixa” e descobrir “o segredo”? E mais, o mundo tem capacidade para abrigar 7 bilhôes de empreendedores meditantes milionários? Me parece que não.    


Sempre tivemos dificuldade de encarar a vida “à seco”, e como resposta a essa angústia criamos mecanismos para transformá-la em algo mais nobre e de mais valor. Exemplos? A filosofia, a arte, a religião são atividades historicamente usadas na tentativa de encontrar sentido na vida. No entanto, atualmente presenciamos a era das “versões descoladas”, ou seja, novos modelos de velhas propostas. Exemplo? O empreendedorismo, a eficiência (no trabalho, nas relações, no sexo, no ócio), a meditação (esta coitada sempre é proposta como uma versão beta do budismo, algo como “tenha os benefícios sem os custos. Medite 10 minutos por dia e se torne o Dalai lama”).


O objetivo aqui é compreendermos que mudanças são possíveis, e não acho negativa a proposta de tirarmos momentos para auto reflexão. Mas preciso te alertar que existem métodos (sem aspas) mais eficientes. A chance de você atingir um insight assistindo 2 horas de vídeo aula ou participando de um programa motivacional de um final de semana é baixa (e se atingir, não saberá o que fazer com ele), e o mais importante, as promessas feitas por esses pseudo gurus são pautadas (teoricamente) em suas próprias experiências, não sendo possível de forma alguma provar que isso funciona para qualquer outra pessoa.

Para os que desejam auto avaliação ou reflexão sobre algo que o incomoda, recomendo uma boa psicoterapia. No entanto, você precisa saber que não existe mágica ou milagre, e sim um trabalho sério, que não dura apenas 2 horas (nem um final de semana), e que te coloca frente à frente com conteúdos delicados, doloridos e espinhosos, mas que te proporciona acesso à conteúdos relevantes, que poderão e deverão ser incorporados à sua vida como algo benéfico, encorajador e fortificador.


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Quanto à pergunta do título: “devo acreditar em pseudo gurus motivacionais do youtube?” Eu te devolvo a pergunta: Você acha que um jovem que nem o conhece, que desenvolveu um “método” que nem chega perto da ciência ou de alguma pesquisa minimamente séria pode te ajudar? Pode fazer com que você olhe para a sua vida e para os seus problemas com mais lucidez? Espero para o seu bem que sua resposta seja não.

 
 
 

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